quinta-feira, 14 de maio de 2015

Atos Curriculares e o Ensino do Uso da Biblioteca

 Ser professor nos dias atuais é um grande desafio e fazer diferença na profissão é algo mais desafiador ainda. Muitos que conheço preferem simplesmente passar pela vida dos alunos, sem fazer grande diferença, apenas cumprindo sua função de "passar a matéria". Não compreendem seu papel de agente de mudança e de formador de opinião. Poucos realmente fazem a diferença, se entregam a profissão e conseguem marcar a vida de muitos alunos. Eu estou no meio do caminho... Me sinto no dever de fazer a diferença, mas nem sempre consigo, apesar de ser apaixonada pela educação.
 A função do Professor para Ensino do Uso da Biblioteca é um pouco polêmica, pois geralmente o profissional tem formação em pedagogia e ocupa o cargo por não ter outra opção na escola. Outros procuram este cargo pois não existe aquela dia-a-dia de sala de aula. Eu ocupo este cargo por acidente de percurso. Passei no concurso para dar aulas para os anos iniciais do ensino fundamental, mas na data da posse a minha vaga tinha sido ocupada e me encaminharam para este cargo em uma escola dos anos finais.
 Falando desta função um pouco desorganizada digo que em cada escola se espera algo do professor da biblioteca. Basicamente ele tem que organizar o horário do hino nacional, fazer cartazes e murais pela escola, organizar a biblioteca bem como o empréstimo de livros, organizar toda a distribuição dos livros didáticos, incentivar a leitura entre os alunos e substituir professores que faltam. Nestas diversas atribuições dentro deste cargo eu concluí que existem situações propícias para se aplicar um currículo diferenciado, informal e para a vida. É uma função que permite muito contato com alunos fora do contexto de aula. Por exemplo: quando um professor falta e não deixa atividade, ele entra em sala e pode trabalhar assuntos ligados à literatura. Mas eu me pergunto: como é possível incentivar a leitura entre eles se nem mesmo as aulas tem atraído interesse? Como encontrar abertura se existe a revolta pela falta do professor? 
 Outra situação onde ocorrem situações propícias para atos curriculares são nas visitas à biblioteca, seja para empréstimo de livros ou busca por materiais, sempre há um momento para uma conversa, um desabafo ou um conselho, um aprendizado para a vida.
 Os murais também são um espaço para colocar reflexões e fazer alunos pensarem, mas geralmente são colocados em datas especiais como a semana da consciência negra, por exemplo. E nisso vemos o currículo oculto, onde não há discussões sobre racismo no dia-a-dia, mas nesta semana todos falam sobre o tema. 
 Na minha opinião, a complicação da prática de um currículo para a vida esbarra no desinteresse dos alunos por atividades diferenciadas e conversas onde podemos oportunizar atos curriculares. Por isso é preciso haver preparo para trazer propostas, mas não falo de qualquer preparo, falo de leitura, de conhecimento de vida, de entendimento da vida e da luta de cada um. É preciso haver uma identificação, uma empatia com os alunos, é preciso haver disposição e dedicação.
 Nesse meio do caminho que estou existe uma busca, minha busca por ideias e maneiras de marcar a vida destes alunos. Procuro dar abertura para conversas e às vezes alguns me procuram, mas nem sempre que entro em sala na ausência do professor consigo fazer diferença. Lembro que no primeiro dia de aula no nosso mestrado o colega Rodolfo nos contou sua experiência com a professora que tinha que substituir o professor ausente, relatou sua revolta por não ter aula e ter aquele momento perdido. Penso nisso todos os dias que entro em sala, e muitas vezes saio frustrada por não conseguir. Mas esta é minha luta e sigo buscando melhorar sempre. 

Um comentário:

  1. O desafio está posto e penso que seu caminhar é no sentido de assumir os riscos. Torne a biblioteca um lugar de aprender, por meio de programas e projetos que possam ser mediados por você. Na verdade, seu papel é de mediação no processo de aprendizagem e aí os atos curriculares farão sentido.

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