A primeira sensação que tenho ao ver um muro grande e imponente é de segurança. Penso que atrás dele deve haver uma construção bonita, rica e elegante, e sinto que ela está segura atrás daquele muro grande. Deve ser um lugar protegido, seja casa, empresa, escola ou qualquer outra coisa que esteja atrás dele. A impressão que tenho é de algo organizado, isolado e diferenciado.
Há pouco tempo a UNIFEI construiu um muro branco, alto, lindo, com curvas, gravado nele o nome da instituição.
Esse muro parece guardar algo valioso e a impressão que tenho é que em seu interior tudo corre em perfeita ordem. Seu acesso parece ser restrito, mas consigo ir e vir sem qualquer impedimento.
O muro parece segurar tudo de ruim do lado de fora, deixando uma sensação de segurança em seu interior.
O muro permite a sensação de estarmos protegidos, guardados.
O muro é um convite à curiosidade: o que tem por trás? Já sua brancura é um convite à transgressão: Por que não uma arte nesta tela tão grandiosa?
O muro, assim como o currículo, parece algo muito fechado guardando em seu interior uma riqueza de acesso restrito, à parte dos grandes males do mundo.
Fazendo um paralelo com os questionamentos levantados pelas Teorias Críticas do currículo formal/prescrito, posso dizer que:
O currículo segura em seu interior um conhecimento rico e abundante.
O currículo permite uma falsa sensação de segurança pois dá controle e poder para um grupo seleto de interesses, aqueles que determinam qual conhecimento será transmitido e qual será omitido.
O currículo formal é um convite à curiosidade em forma de questionamentos.
Por fim, o currículo formal faz um convite à transgressão: Vamos permitir que o conhecimento seja transmitido, sem interesse ou restrição, afinal por que não colorir com conhecimento este mundo tão cinza?
Este blog é um espaço que tem como objetivo dividir com você leitor um pouco das minhas experiências e conhecimentos adquirido nos meus estudos.
quarta-feira, 15 de abril de 2015
Resumo do texto: Currículo, poder e lutas educacionais: com a palavra os subalternos
Currículo, poder e lutas educacionais:
com a palavra os subalternos
O objetivo deste texto é fazer uma
análise da relação entre o currículo e o conhecimento escolar do currículo.
Este livro levanta o debate sobre a perspectiva, a experiência e a história
privilegiada no currículo, assim como nas instituições educacionais de um modo
mais geral. Faz-se uma análise crítica da distribuição desigual do poder
político, econômico e cultural que caracteriza as lutas educacionais por
conhecimento e voz no contexto contemporâneo.
Tem
mais valor o conhecimento de quem? Muitas são as respostas encontradas para
essas questões. No decorrer do livro poderemos ver algumas. As visões são
diferentes, pois diferem os aspectos de teorização do problema, bem como os
múltiplos agentes e contextos. Cada autor propões questionamentos e pressupostos
que nos fazem compreender o fenômeno da violência na escola.
A
obra considerada como coletiva busca proporcionar uma lente para considerar
como as iniciativas dominantes e muitas vezes antidemocráticas de construir e
desconstruir o currículo devem ser combatidos por mobilizações subalternas e
progressistas.
O
livro é dividido em 3 partes:
Primeira parte: “Os subalternos falam da voz de quem”.
Essa parte
é composta de três capítulos que enfatizam movimentos educacionais que foram
pouco estudados e que são motivados pelas tendências da modernização
conservadora, assim como a relação frágil e, muitas vezes, contraditória de
agendas direitistas com o interesse de comunidades oprimidas.
Aulas de história segundo modelos de cima
para baixo e de baixo para cima, o papel do gênero na educação e o envolvimento
afro-americano, foram assuntos tratados nestes primeiros três capítulos.
Segunda
parte: “Os
subalternos falam: contextos americanos”
Em quatro capítulos, esta segunda parte
da obra concentra-se no posicionamento e na participação de grupos subalternos
variados nos Estados Unidos, incluindo estudantes nativo-americanos, ativistas
educacionais feministas chicanas, estudantes homossexuais e estudantes negros,
bem como intelectuais progressistas, em uma variedade de lutas educacionais. Os
autores examinam as iniciativas de grupos subalternos para desafiar os efeitos
da modernização conservadora na escolarização, para intervir nos circuitos de
produção, distribuição e recepção do currículo e para exercer sua influência em
resposta a questões de reconhecimento de redistribuição.
O que é considerado útil do ponto de
vista educacional e as noções sobre conhecimento “branco” obrigatório e
conhecimento “vermelho” opcional.
Por meio de histórias orais, a autora
mostra como determinadas construções da ação ocultam as contribuições das
mulheres e, assim, discute o que significa popularmente “falar”.
Na sociedade e na educação as diferenças
raciais e sexuais engendram o medo e as reformas voltadas ä assimilação, que
estimulam conversão, a omissão e o disfarce.
Terceira
parte: “Os
subalternos falam: contextos internacionais”
Esta terceira parte do livro analisa o significado da
subalternidade na produção, distribuição e reconstrução do conhecimento escolar
em contextos fora dos Estados Unidos. Busca entender os elementos específicos
de como as disputas de desenvolvem em uma variedade de contextos, nas
diferentes realidades globalizas que levam a pensar além das fronteiras e a
reconhecer que as histórias e lutas são conectadas com as de tantas outras
nações. Indicam pontos de partida para a reflexão, para o diálogo e para ações
transacionais que possam contribuir para democratizar a educação, combater os
efeitos de políticas globais e construir uma visão curricular que transponha
fronteiras e redefina a relação entre formas insurgentes de educação
multicultural e global.
Conflitos ocorridos em Taiwan, a ênfase em como as comunidades
oprimidas rearticulam discursos neoliberais sobre concorrência internacional,
devolução de responsabilidades e pensar em um currículo mais solidário, que
promova os interesses de comunidades subalternas para que os estudantes pensem
e ajam “em” e “além” das fronteiras nacionais são os principais objetivos dessa
terceira parte.
Para concluir destacando questões importantes trabalhadas no
livro, para estudo e enfrentamento das violências nas escolas:
- Acirra a
opressão e subalternidade: ausência das vozes, das práticas culturais e do
significado do estilo de sujeitos concretos, pós-coloniais históricos e das
minorias.
- Acirra as
disputas e os conflitos entre os diferentes autores: o currículo como um campo
de disputa de poderes. Grupo dominante define o que conta como conhecimento.
- Acirra a
competição e o individualismo: interesses pessoais envolvidos no âmbito
educacional, falta mobilização coletiva pela educação como um bem público.
- Acirra o
controle, o enfraquecimento do protagonismo, da autonomia e fortalece as
contradições da identidade e da ação: avaliação e currículos padronizados.
A obra demonstra como na educação a dominação e subalternidade se
misturam, se confundem, formando uma teia enredada de inter-relações
baseadas em questões de classe, raça, gênero, orientação sexual, “habilidade”,
religião, língua e aflições locais, nacionais e globais. Impossível negar que
as lutas educacionais estão ligadas aos conflitos nas áreas sociais, econômicas,
políticas e culturais. Essas influencias tem tido grandes efeitos na educação e
nas políticas da identidade e da cultura, bem como nas disputas sobre produção,
distribuição e recepção do currículo.
Trabalho em dupla: Ana Luísa e Sarah.
Assinar:
Postagens (Atom)